Ao abrir a reunião, Lula disse que é necessária uma "boa relação com o Congresso". Para conseguir avançar em sua agenda, o governo do petista precisará se esforçar para obter apoio na Câmara dos Deputados e no Senado, que ficaram ainda mais inclinados à direita após as eleições de outubro.

"Nossa tarefa é uma tarefa árdua, mas é uma tarefa nobre, porque a gente vai ter que deixar este pais melhor", disse Lula, que, no mês passado, afirmou que herdava de Bolsonaro um Brasil em "situação de penúria".

Os 37 ministros de Lula formam um grupo variado de políticos experientes e profissionais, que inclui 11 mulheres, cinco pessoas negras e duas indígenas, um contraste com o governo anterior, dominado por homens brancos, 'outsiders' da política e militares.

"Nós não somos um governo de pensamento único", assinalou Lula, ao exigir a seus colaboradores que se esforcem para chegar a ideias convergentes para a "reconstrução deste país" e para "voltar a viver em democracia" depois do "governo autoritário" de Bolsonaro.

De pé e na extremidade de uma enorme mesa oval no Palácio do Planalto, o político de 77 anos também prometeu tratar seus ministros como se fosse "uma mãe": "com muito respeito, muita educação e exigindo muito trabalho de cada um de vocês". Além disso, advertiu que, se alguém fizer algo errado, "será simplesmente, da forma mais educada possível, convidado a deixar o governo".

Os primeiros dias de gestão do terceiro mandato de Lula ficaram marcados por alguns tropeços, sobretudo em matéria econômica.

Na segunda-feira, a bolsa de São Paulo chegou a cair 3%, com os investidores temerosos diante dos sinais de um gasto público maior e de mais intervenção do Estado na economia durante o novo governo.

- 'Arrumando a casa' -

Além disso, ficaram evidentes contradições e divergências no governo.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, por exemplo, perdeu a queda de braço para acabar com a desoneração de tributos federais sobre os combustíveis imposta pelo governo anterior.

O novo governo optou por manter a desoneração por mais dois meses, deixando de arrecadar recursos para os cofres públicos, para - segundo analistas - evitar o mal-humor da população nas primeiras semanas de gestão.

Aliados de Lula também causaram mal-estar nos mercados ao aventarem a possibilidade de interferir na política de preços da Petrobras e na necessidade de realizar uma revisão da reforma da previdência, duas possibilidades que foram logo desmentidas.

Mas esses contratempos ficaram de fora da reunião e não houve "puxões de orelha", ressaltou o ministro da Casa Civil, Rui Costa.

"[Lula] colocou seus convocados para definir diretrizes, prioridades, e ele quer um ritmo acelerado de entregas" de propostas e ações de governo, disse Costa, citando urgências como a falta de moradia e de saúde, e a luta contra a fome, que afeta cerca de 30 milhões de brasileiros.

Segundo Rui Costa, Lula deverá visitar dois estados brasileiros ainda em janeiro para "inaugurar ou dar início a programas [...] habitacionais, educacionais ou de saúde", antes de fazer sua primeira viagem ao exterior, à Argentina, em 23 e 24 de janeiro.

A Casa Civil fará um levantamento em todos os ministérios sobre prioridades e ações que podem ser iniciadas "imediatamente".

"Estamos arrumando a casa", acrescentou Rui Costa.

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