Soledar, outrora conhecida por suas minas de sal, está localizada perto da cidade de Bakhmut, que as tropas russas tentam conquistar há meses.
A conquista de Soledar pelas forças russas significaria uma vitória militar simbólica para Moscou, após vários reveses no terreno desde setembro.
"Unidades aerotransportadas bloquearam as zonas norte e sul de Soledar. As forças russas estão atacando os bastiões inimigos. Forças de assalto estão lutando na cidade", disse o ministério, em um comunicado.
Em entrevista à AFP nesta quarta, o conselheiro da Presidência ucraniana, Mikhailo Podoliak, afirmou que os combates pelo controle de Soledar e de Bakhmut, no leste, são os "mais sangrentos" já travados pelas forças russas e ucranianas desde o início da invasão, em fevereiro de 2022.
"Tudo o que está acontecendo hoje em Bakhmut, ou Soledar, é o cenário mais sangrento desta guerra", disse ele.
"Muito sangue, muitos duelos de artilharia, muito combate de contato, sobretudo hoje, em Soledar", relatou, observando que este é, no momento, "o ponto mais quente da guerra".
Segundo Podoliak, as perdas militares russas são "enormes", e "o Exército ucraniano também está perdendo tropas". Sem mencionar as baixas ucranianas, ele estimou que os russos perderam "de 10.000 a 15.000 soldados, talvez mais" nesta área, desde o verão.
- Negação de Kiev -
Kiev confirmou que houve "combates pesados" na quarta-feira, mas nenhum avanço das forças russas em Soledar, depois de o grupo mercenário Wagner reivindicar o controle da cidade do leste ucraniano.
"Intensos combates continuam em Soledar", disse o vice-ministro da Defesa da Ucrânia, Ganna Malyar, no Telegram.
"Depois de sofrer perdas, o inimigo mais uma vez substituiu suas unidades, aumentou o número de paramilitares, tentando romper a defesa de nossas tropas e controlar completamente a cidade, mas não teve sucesso", declarou.
Pouco antes, o Kremlin já havia demonstrado prudência sobre a situação no terreno.
"Não há necessidade de pressa. Vamos esperar por declarações oficiais", disse o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, a jornalistas, acrescentando, no entanto, que há "uma dinâmica positiva no avanço" das forças russas.
As declarações do Exército russo contradizem as do chefe do grupo paramilitar Wagner, Yevgeny Prigozhin, que reivindicou o controle de Soledar na manhã desta quarta-feira. Ele acrescentou, porém, que os combates continuam no centro da pequena cidade, que tinha pouco mais de 10 mil habitantes antes da guerra.
A agência estatal russa RIA Novosti publicou uma fotografia de Prigozhin com homens armados e disse que foi tirada nas minas de sal de Soledar.
O Exército ucraniano negou imediatamente esta informação e garantiu que a cidade de Soledar "foi, é e sempre será ucraniana".
"Não é verdade" que Prigozhin esteja dentro das minas de sal, frisou.
A AFP não conseguiu verificar de forma independente a situação no terreno.
Em um vídeo divulgado na noite de terça-feira, o presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, descreveu uma "situação difícil" na região de Donetsk, sem mencionar Soledar.
- Encontro na Turquia -
Na esfera diplomática, os encarregados de direitos humanos de Rússia e de Ucrânia, Dmytro Lubinets e Tatiana Moskalkova se reuniram na terça-feira, na Turquia.
Os dois funcionários "abordaram uma grande diversidade de problemas humanitários e casos relacionados à assistência em direitos humanos aos cidadãos de ambos os países", disse Lubinets nas redes sociais.
"Falou-se sobre ajuda humanitária aos cidadãos" ucranianos e russos, disse Moskalkova.
Em outras partes da Ucrânia, os ataques continuaram.
Bombardeios russos caíram sobre Kharkiv, no nordeste, na noite de terça-feira, horas depois de uma visita surpresa da chefe da diplomacia alemã, Annalena Baerbock.
Baerbock foi convidada por seu homólogo "e amigo" ucraniano, Dmytro Kuleba, e afirmou que a população ucraniana pode "contar com nossa solidariedade e apoio".
A ministra anunciou um "novo pacote" de ajuda que inclui 20 milhões de euros para a remoção de minas e um fundo para desenvolver o acesso à rede de Internet por satélite Starlink.
Baerbock também disse que a Alemanha entregará novos geradores para a infraestrutura energética ucraniana, que é alvo de bombardeios sistemáticos da Rússia.
A Ucrânia pede, contudo, o fornecimento de veículos de combate, e a Alemanha ainda não respondeu se enviará tanques "Leopard 2".
"Quanto mais demorar a decisão [alemã], haverá mais vítimas, mais mortos civis", disse Kuleba.
Diversos líderes ocidentais já visitaram a Ucrânia desde a invasão russa de 24 de fevereiro, entre eles o chefe do governo alemão, Olaf Scholz, e o presidente da França, Emmanuel Macron. Nenhum deles viajou tão para o leste, onde as tropas russas se apoderaram de vários territórios.