"Acordamos uma trégua bilateral com o ELN, a Segunda Marquetalia, o Estado-Maior Central, o AGC (Autodefesas Gaitanistas da Colômbia) e as Autodefesas de Sierra Nevada de 1º de janeiro a 30 de junho de 2023, prorrogável segundo os avanços nas negociações", disse o presidente em um tuíte.

A trégua bilateral era o principal objetivo do governo a ser alcançado como parte de sua política de "paz total", com a qual pretende extinguir, por meio do diálogo, o conflito armado que persiste na Colômbia apesar da dissolução da poderosa guerrilha Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) em 2017.

"Esse cessar-fogo bilateral obriga as organizações armadas e o Estado a respeitá-lo. Haverá um mecanismo de verificação nacional e internacional", acrescentou o presidente, que qualificou o pacto como um "ato audacioso".

A última insurgência reconhecida do país, o Exército de Libertação Nacional (ELN), negocia com o governo desde novembro.

Já os grupos Segunda Marquetalia e Estado Mayor Central - que não aderiram ao pacto de paz assinado pelas Farc - mantêm "diálogos exploratórios" em separado com delegados do Petro.

Lideradas no passado pelo "capo" Otoniel, extraditado para os Estados Unidos, as AGC são a maior quadrilha de traficantes do país. Assim como as Autodefesas de Sierra Nevada, são formadas por remanescentes dos paramilitares de extrema direita que se desmobilizaram no início dos anos 2000.

- Dez mil homens armados -

Todos esses grupos somam mais de 10 mil homens armados, que disputam a receita gerada pelo tráfico de drogas e por outros negócios ilícitos no maior produtor de cocaína do mundo, conforme dado do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento e a Paz (Indepaz).

A política de "paz total" se tornou lei em novembro, depois que o Congresso, de maioria governista, apoiou a ambiciosa proposta do Petro de dialogar com guerrilhas, traficantes de drogas e grupos de origem paramilitar, visando a desativar o conflito no país.

O governo oferece um "tratamento benevolente do ponto de vista judicial" para os atores armados, "em troca de uma entrega de bens, de um desmantelamento dessas organizações e da possibilidade de que deixem de exercer essas economias ilícitas", disse à AFP, recentemente, o senador pró-governo Iván Cepeda.

O partido de oposição Centro Democrático, do ex-presidente de direita Álvaro Uribe, qualificou a proposta de "paz total" como "apologia ao crime e à impunidade".

Embora o histórico acordo de 2016 com as Farc tenha transformado a guerrilha mais poderosa do continente em um partido político, o conflito continua depois de seis décadas e de mais de nove milhões de vítimas.

As extintas Farc foram substituídas por uma proliferação de novas organizações, sem espaço para negociação até a chegada de Petro.

Apesar da aproximação com os diferentes grupos armados, Petro ainda não conseguiu conter a espiral de violência que assola o país. O centro de estudos independente Indepaz registrou quase uma centena de massacres em 2022.

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