"O trabalho mais difícil que existe é a verificação (...) Está previsto que a cada dois meses se faça uma prestação de contas de como evolui em cada um dos territórios, com cada uma destas organizações", explicou o chefe da pasta, Alfonso Prada, em entrevista à Blu Radio.
Na véspera do Ano Novo, o presidente Gustavo Petro anunciou uma trégua bilateral entre o governo e cinco grupos armados entre 1º de janeiro e 30 de junho de 2023, com vistas a negociações que permitam desativar o longo conflito interno.
O governo mantém em sigilo os decretos onde são detalhados os acordos de cessar-fogo com a guerrilha do Exército de Libertação Nacional (ELN), dos grupos dissidentes das Farc, a maior quadrilha do narcotráfico - conhecida como Clã do Golfo - e as Autodefesas de Sierra Nevada, de origem paramilitar.
Sob sua política de "paz total", Petro pretende conter a espiral de violência que se seguiu ao histórico acordo assinado com a maior parte da guerrilha das Farc, em 2016.
Prada assegurou que a força pública vai manter o controle de "absolutamente todo o território" e não vai desmilitarizar regiões como se fez em negociações de paz anteriores "para que cada uma destas organizações circule à vontade".
"Aqui não se detém a presença das forças armadas, são suspensos os disparos de um lado e do outro. Mas as forças armadas, dizem os mesmo decretos, conservam a plenitude de suas faculdades constitucionais", acrescentou.
O governo do ex-presidente Andrés Pastrana (1998-2002) desmilitarizou 42 mil km² na região do Caguán (sul), durante uma negociação frustrada com as Farc, que os rebeldes aproveitaram para se fortalecer.
Sem entrar em detalhes, Prada assegurou que os diálogos serão "diferentes" com cada organização, dependendo de "se mexem na economia ilegal" ou "têm status político".
Desde novembro, o governo negocia em Caracas com o ELN, a última guerrilha reconhecida no país.
O ministro da Defesa, Iván Velásquez informou que as organizações também devem chegar a um "acordo" entre si para deter os enfrentamentos que "sem dúvida afetam a população", que fica em meio ao fogo cruzado.
A Colômbia é o maior produtor de cocaína do mundo, combustível para a violência que em mais de meio século fez nove milhões de vítimas.